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1959: o ano que mudou o Jazz para sempre

1959: o ano que mudou o Jazz para sempre

No ano de 2009, a BBC lançou um interessante documentário sobre o jazz produzido em 1959, chamado “1959, the Year that Changed Jazz” (1959, o ano que mudou o jazz).

 

O documentário evidencia quatro discos de jazz que mudariam a música para sempre. Rico de entrevistas a músicos e críticos musicais, de imagens e gravações raras, o documentário explora as conquistas no contexto musical, mas também político e social.

 

Vejamos os discos que, segundo o documentário, mudariam o futuro, apontando novas direções possíveis para o jazz: Kind of Blue (Miles Davis), Time out (Dave Brubeck), Mingus Ah Um (Charles Mingus) e The shape of jazz to come (Ornette Coleman).

 

 

(as capas dos quatro discos)

 

O jazz tornou-se uma música multiracial em 1935, quando Benny Goodman convidou o pianista negro Teddy Wilson para se tornar o terceiro membro de seu trio. Dentro de um ano, a adição do vibrafonista Lionel Hampton criou maior equilíbrio: dois brancos, dois negros.

 

Vinte anos mais tarde, porém, quando o pianista branco Dave Brubeck pediu ao baixista negro Eugene Wright para se juntar ao seu popular quarteto, as tensões raciais em algumas partes dos Estados Unidos eram ainda tão intensas que o grupo enfrentou problemas durante uma excursão universitária pelos Estados do Sul. É disso que Brubeck fala no documentário:

Estávamos tocando em uma universidade – conta Brubeck – e eles disseram: ‘Você não pode ir ao palco com um afro-americano’. Eu disse: ‘Então não vamos ao palco.’ Os alunos tomaram conta do espaço logo acima do camarim, e quanto mais fote ficava a agitação, mais preocupado estava o presidente do colégio. Então ele me disse: ‘Você pode ir, mas você tem que colocar seu baixista na parte de trás do palco, onde ele não será muito visível’. ‘Quando entramos no palco, a platéia ficou louca, eles ficaram muito felizes. Na segunda música eu disse a Eugene: ‘o seu microfone está quebrado, venha usar meu microfone, aqui na frente.’ Eugene não sabia que eu estava planejando tudo isso, mas ele foi lá na frente e nós arrasamos. Foi fantástico.

 

Mas 1959 produziu muitas outras coisas relevantes. Alguns outros discos daquele ano são:

– John Coltrane – Giant Steps (Atlantic)

– Jimmy Smith – The Sermon! (Blue Note)

– Johnny Hodges and Duke Ellington – Back to Back: Duke Ellington and Johnny Hodges Play the Blues (Verve)

– Milt Jackson and John Coltrane – Bags & Trane (Atlantic)

– Art Pepper – Art Pepper + Eleven – Modern Jazz Classics (Contemporary/OJC)

– Horace Silver – Blowin’ the Blues Away (Blue Note)

– Horace Silver – Finger Poppin’ (Blue Note)

– Cannonball Adderley & John Coltrane – Cannonball Adderley Quintet in Chicago (Mercury)

– Sun Ra and His Arkestra – Jazz in Silhouette (Saturn)

– Bill Evans Trio – Portrait in Jazz (Riverside)

– Kenny Dorham – Quiet Kenny (New Jazz)

 

Foi, ainda, o ano em que foi instituído o Grammy Awards, que, em sua primeira edição, premiou o italiano Domenico Modugno pela canção “Nel blu dipinto di blu – Volare”, Peggy Lee pela canção “Fever”, Frank Sinatra pelo disco “Only the lonely”, Count Basie pelo disco “Basie” entre muitos outros.

 

Talvez, 1959 tenha dado, ao mundo do jazz e da música, em geral, bem mais que quatro álbuns significativos. Mas vale a pena assistir ao documentário.

 

A seguir, podemos assisti-lo com legenda em espanhol:

Primeira parte

 

Segunda parte
Turi Collura

Turi Collura é pianista, compositor, músico profissional. Atua como professor em Cursos de Pós-Graduação, em Conservatórios e Festivais de música pelo Brasil e no exterior. Formado na Itália em Disciplinas da Música (Bolonha) e na Escola de Jazz (Milão), é Mestre pela UFES, e Pós-graduado pela mesma Instituição. Turi é Coordenador Pedagógico do Terra da Música e Professor de alguns cursos online. É autor de métodos em livros e DVD (Improvisação, Piano Bossa Nova, Rítmica e Levadas Brasileiras para Piano), alguns dos quais publicados pela Editora Irmãos Vitale e com tradução em inglês. Ativo na cena musical como solista, músico de estúdio e arranjador, tem participado da gravação/produção de diversos discos. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” ganhou uma versão japonesa. Seu segundo CD faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa.

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