
1969: quando o Apolo 11 e a música foram à lua
Há 50 anos o homem pousava na lua. Foi um evento e tanto que causou um impacto incalculável na cultura, na contracultura, no pensamento mundial… e na música!
Naquele mês, a lua e o voo do Apolo 11 foram objeto de atenção por parte de muitos músicos, compositores e empresários da indústria discográfica. The American Society of Composers, Authors and Publishers (Sociedade Americana dos Compositores, Autores e Editores) registrou, apenas no mês da missão espacial, mais de 250 títulos contendo a palavra “moon” (lua).
Aproveitando do momento, nos EUA o selo discográfico Pickwick lançou um disco contendo 10 interpretações de músicas populares, interpretadas por Billy Vaughn, incluindo “Moon River,” “Moon Glow,” “Silver Moon,” e “Shine on Harvest Moon.”

“Nós estávamos em um estúdio da BBC tocando enquanto ocorria a alunagem. Era uma transmissão ao vivo, tinha um grupo de cientistas de um lado e nós do outro lado. Eu tinha 23 anos. […] Foi uma improvisação de apenas 5 minutos, […] um blues de 12 compassos com uma atmosfera espacial”, afirma David Gilmour, guitarrista da banda. Ouça, a seguir, a faixa.
A banda londrina estava no auge de sua “fase psicodélica”, tendo lançado discos como “The piper at the gates of down” (1967), “A saucerful of secrets” (1968), “More” (publicado poucos dias antes da alunagem) e estava trabalhando na produção de “Ummagumma”.
A influência da lua sobre os Pink Floyd continuará, ainda, por muito tempo. O efeito psicológico do evento se reflete em temas contidos nos discos sucessivos, como “Atom heart mother”, “Meddle”, “Obscured by clouds” e, maximamente em “The dark side of the moon” (1973).
Enquanto isso, nos EUA…

Do outro lado do oceano, nos EUA, Duke Ellington, um dos mais famosos compositores e band leaders da época, foi convidado pela ABC-TV para compor e apresentar uma música ufanística e inspiradora que seria mostrada à nação inteira durante as transmissões ao vivo que cobriam o evento do Apolo 11. Ellington produziu “Moon Maiden”, escrita para piano, baixo e bateria, que, também, marcava a estréia do compositor como vocalista.
“Na minha idade eu não preciso de nenhuma desculpa para fazer algo”, disse Ellington aos reporters, ao comentar sua performance vocal. “Senti que poderia fazê-lo. Mas é uma coisa única, o fim da minha carreira como cantor”.
Para o evento do Apolo 11 e de seu pouso na lua, a TV norteamericana preparou mais de 30 horas consecutivas de transmissão. Para isso foi preciso de muita música e entretenimentos, debates ao vivo com cientistas e painéis de ficção científica. O poeta e escritor James Dickey foi convidado para declamar o seu poema “The Moon Ground” (O solo lunar). Mas a performance de Duke Ellington ficou na memória, acompanhado por um cenário que reproduzia o local do pouso do Apolo 11. O apresentador de TV Frank Reynolds, que introduziu a exibição de Ellington, disse na ocasião: “Não parece apropriado, enquanto o homem está prestes a pousar seus pés na lua pela primeira vez na história da humanidade, celebrar o evento com música”.
Naquele ano, duas músicas de Rock contendo a palavra “Moon” em seu título estouraram nos EUA na lista das mais tocadas, mesmo não tendo nada a ver com o Apolo 11: “Bad Moon Rising” dos Creedence Clearwater Revival e “Mr. Sun, Mr. Moon” de Paul Revere and the Raiders. A banda psicodélica “The Moon” lançou um disco onde aparecia David Marks, membro dos The Beach Boys.
David Bowie lançou “A Space Oddity” (clique para ouvir), inspirada no film “A Space Odissey” de Stanley Kubrik. A música se tornou uma de suas músicas mais famosas.
O evento do Apolo 11 e seu pouso lunar teve repercussões incalculáveis para toda a humanidade, marco decisivo para novos caminhos para além do planeta terra. Seria possível a vida em outros planetas? David Bowie, entre, entre muitos outros, abordou esse tema na canção “Life on Mars” … mas essa é já outra história.