“Chegamos ao mundo prontos para cantar, tocar, ouvir e entender música”. (Jay Schulkin)
A ciência cognitiva nos oferece, hoje, recursos apropriados para entendermos melhor como funciona nosso cérebro, como aprendemos música, como somos capazes de entendê-la e criá-la. Quais são os processos mentais envolvidos na audição, na execução, na composição, em uma palavra, no “fazer musical“? Quais habilidades estão envolvidas na “compreensão” de uma peça musical e como são adquiridas? Por que algumas pessoas têm mais facilidade para cantar ou tocar do que outras? Questões como essas constituem as bases da psicologia cognitiva da música com relação ao fazer musical.
Muitos de nós, provavelmente, conhecem alguém que nunca estudou música formalmente, mas que compõe umas canções, umas melodias, sejam elas bonitas ou não, sejam elas simples ou não. Muitos de nós podem conhecer alguém que, sem uma específica formação em Letras ou em Literatura, se diverte, por exemplo, escrevendo poesias. Entre os músicos, vou citar um caso entre muitos: o do compositor Cartola. Ele nunca estudou música, morava numa favela, vindo de uma família com dificuldades financeiras. Não obstante isso, ele escreveu lindas composições que brilham por suas melodias e por suas letras, como, por exemplo, “As rosas não falam” e “O mundo é um moinho”. Como isso foi possível?
Tocamos a música que imaginamos porque entendemos o que ouvimos.
Em seu livro “A mente musical – A psicologia cognitiva da música”, John A. Sloboda procura respostas a essas questões por meio de uma extensa revisão crítica da literatura de pesquisa experimental em música, introduzindo tanto a teoria musical, quanto os conceitos psicológicos ao leitor não-especialista, porém sem perder a profundidade.
Sloboda se coloca perguntas sobre o fazer musical como: “Quais são os processos mentais que são envolvidos na audição, na execução e na composição musical? Quais habilidades estão envolvidas na “compreensão” de uma peça musical e como elas são adquiridas?”
Existem pessoas dotadas e outras não?
Gostaria de responder a isso com com outra pergunta: existem pessoas dotadas para falar e outras não? John Sloboda afirma que nossa mente tem mecanismos parecidos para a linguagem musical e a linguagem verbal. Não precisamos frequentar uma instituição de ensino para aprender a falar. Simplesmente aprendemos. Da mesma forma, existem pessoas que aprendem música com naturalidade.
Sem muitas delongas, quero dizer duas coisas sobre as pessoas que parecem não ter dificuldade em entender “como funciona a música”.
A primeira, elas abordaram o conhecimento da música com naturalidade, isto é, acreditaram que podem aprender. Esse é um passo muito importante: deixar de lado o medo, os “bloqueios psicológicos”, passando a acreditar em nós mesmos. Deixe que algo novo aconteça! A segunda, abandonado o medo, elas descobrem que entender a linguagem musical não é difícil!
Então, resumindo, ao querer estudar música, procure:
- Confiar em você mesmo: esse passo depende de você! Dê-se essa chance!
- Compreender a linguagem musical: para isso procure boas fontes de estudo e informação!
Na minha opinião de pesquisador, de músico profissional e de educador musical, posso afirmar que um passo fundamental para desenvolvermos nossas habilidades musicais é o do treinamento auditivo: conhecer os elementos da gramática musical para reconhecê-los e, em seguida, usá-los.
A habilidade de ouvir, e, consequentemente, de imaginar os elementos musicais, é o “segredo” dos bons músicos!