Pedagogia musical: Carl Orff e a importância do ‘fazer musical’

Carl Orff

Por Rosangela Lambert

Neste mês, a série “Educadores Musicais” traz o alemão Carl Orff, renomado compositor do século XX. Contudo, sua maior contribuição se faz presente na área da pedagogia musical. Partindo de uma visão holística e integradora do aluno, Orff foi um educador preocupado com a integração das linguagens artísticas. Criou o conceito de “música elementar”, isto é, uma música primordial, que oferece oportunidades significativas para o educando.

Carl Orff (1895-1982) nasceu na cidade de Munique, Alemanha. Filho de pais músicos, iniciou seus estudos de piano em 1900, sob a orientação de sua mãe. Aprendeu violoncelo e participou da orquestra da escola em que estudava, além de cantar solos no coral da igreja que frequentava. Aos 14 anos teve contato com o mundo dos grandes espetáculos, por meio da ópera. Entre 1912 e 1914 estudou na Academia de Música de Munique.

Carl Orff

Suas composições, de início, tiveram como referência as transformações musicais do início do século XX. O contato com a música de Gustav Mahler, Claude Debussy, as combinações de som e ruído, a enarmonia dos futuristas e a proposta atonal de Arnold Schoenberg proporcionaram-lhe a perspectiva de um novo universo musical. Em 1916, assumiu, por um ano, a função de Mestre de Capela na Orquestra de Câmara de Munique e, de 1918 a 1919, foi Mestre de Capela no Teatro Nacional de Mannheim e no Teatro da Corte do Grão Duque de Darmstadt.

Carl Orff desenvolveu um estilo de composição baseado em experimentos criativos. Fez obras para coro e instrumentos, para voz e piano e produziu ainda peças para coro a cappella e para coro falado. No percurso de sua produção artística, aprimora uma nova concepção de palavra, movimento e som, em que o último deixa de ser o elemento dominante para estar a serviço da cena e da palavra.

Em 1924, Orff e Dorothee Gunther, professor de ginástica, artista gráfico e autor, fundaram a Guntherschule, uma escola para o ensino da ginástica rítmica e da dança. Nela, ambos atuavam dando aulas de música e dança para professores de educação física, desenvolvendo uma proposta criativa de integração entre música e movimento, cujos princípios norteadores eram baseados no Método Dalcroze.

Com a ajuda de um amigo, Carl Maendler, Orff construiu uma série de instrumentos de percussão que eram utilizados na escola (hoje conhecidos como “Instrumental Orff”). Foi nesta ocasião que surgiram os instrumentos de plaquetas: xilofones, metalofones e jogos de sinos. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a escola foi destruída.

Em 1937, estreia sua cantata cênica Carmina Burana, momento crucial de sua carreira. Segundo o próprio Orff, depois de Carmina Burana, ele passaria a desaprovar seus trabalhos anteriores e a considerar esta cantata como o fundamento das produções que se seguiriam. Veja abaixo um dos trechos mais conhecidos da cantata.

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A abordagem pedagógica de Orff
Ao término da guerra, Orff retomou seu trabalho e resolveu desenvolver, com a ajuda de Gunild Keetman, também professor de música, práticas musicais para atuar diretamente com as crianças pequenas. Os instrumentos foram reconstruídos por Klauss Becker e o “Studio 49” foi criado, o qual ainda hoje fabrica instrumentos Orff.

Sua tônica era a de que nada substitui a experiência e a prática, o “fazer musical”. A partir desta ideia, desenvolveu o conceito de “música elementar”, ou seja, música que oferece oportunidades para vivências significativas, contribuindo para o desenvolvimento da personalidade do indivíduo. Experiências estas que valerão na vida adulta. Segundo Orff, essa “música elementar” é “uma espécie de húmus para o espírito.”

A primeira edição da “Obra Escolar” (Orff-Schulwerk) surgiu em 1930 e constituía-se em um volume com exercícios rítmico-melódicos para flauta doce e instrumentos de percussão e de plaquetas.

No entanto, entre 1950 e 1954 surgiram os cinco volumes que compõem o cerne do material pedagógico da “Obra Escolar”. No decorrer dos volumes, Orff busca contemplar a linguagem, o canto e a prática instrumental, de forma gradativa e de acordo com o universo infantil.

Seu trabalho com as crianças baseava-se em atividades lúdicas: cantar, dizer rimas, bater palmas, dançar, percutir objetos, além de investir no movimento corporal, pois, segundo ele, o ritmo é a base sobre a qual se assenta a melodia.

A improvisação é introduzida logo no início do processo de educação musical de forma orientada e controlada – os alunos utilizam-se criativamente de elementos já vivenciados: a fala, movimentos corporais, canto, manuseio de instrumentos melódicos ou percussivos.

Orff com crianças: para ele, experiência e prática eram fundamentais ao ensino musical.

 O “Instrumental Orff”
O conjunto de instrumentos musicais criado por Orff é conhecido como “Orff-Instrumentarium” (Instrumental Orff). São instrumentos para a utilização em sala de aula, projetados e adaptados para que as crianças consigam manuseá-los.

É composto por flautas doces, xilofones e metalofones, tambores, pratos, platinelas, triângulos, castanholas, pandeiros, maracas e outros instrumentos pequenos de percussão. (Veja abaixo)

O Studio 49 é o fabricante original do Instrumental Orff. Aqui no Brasil temos, entre outros fabricantes, a Jog Vibratom.


 

Orff no Brasil
Os primeiros impulsos para a introdução da proposta de Carl Orff no Brasil aconteceram em 1963, por meio de cursos ministrados por Hermann Regner, educador musical e compositor, em Teresópolis e nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Durante os anos de 1960 e 1970, muitos estudantes e professores de música brasileiros realizaram estudos no Instituto Orff, em Salzburg, na Áustria, e aplicaram em seus espaços de atuação os conhecimentos adquiridos.

Desde 1988, o Colégio Santo Américo, em São Paulo, vem promovendo cursos para divulgar as ideias e o material da “Obra Escolar”, do original “Orff-Schulwerk”.

Em 2004, foi fundada a Associação Orff Brasil (Abrasorff), sob a orientação da Fundação Carl Orff de Munique, por meio da professora Verena Maschat, membro do Instituto Orff de Salzburg, com o propósito de oportunizar o conhecimento e divulgar as ideias pedagógicas de Carl Orff, por meio de cursos e encontros mensais.

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