Por Turi Collura
Nesse tópico tratamos de uma tarefa com a qual a maioria de nós se depara: a da transposição. Sabe quando você conhece uma música na tonalidade de Dó mas a cantora do grupo canta em Fá? Neste caso, para acompanhar a cantora, temos que transportar a harmonia e a melodia da música.
Hoje em dia existem muitos recursos digitais para isso. Os programas de editoração de partituras são uma ajuda considerável para nosso trabalho. Mesmo assim, precisamos entender como as coisas funcionam. Transpor uma música de uma tonalidade para outra requer uma base de teoria musical. De fato, o conhecimento dos intervalos e das armaduras de clave (isto é, das tonalidades) constitui uma ferramenta importante para realizarmos isso com facilidade. Quero lhe dar algumas sugestões de como fazer isso. No final desse artigo faremos, também, um exercício.
Transpor a melodia da música
Podemos realizar a mudança de tom da melodia apenas transpondo os seus intervalos. A imagem a seguir mostra a transposição da melodia dada para uma terça maior acima. Neste caso, basta calcular qual é a terça maior acima de cada nota
Todavia, há um elemento interessante que pode nos ajudar: a relação da melodia com a sua tonalidade. A imagem seguinte mostra um trecho melódico na tonalidade de Lá maior. As notas mi-si-dó# são, respectivamente, os graus 5º, 2º e 3º da tonalidade inicial. Transpor isso em outra tonalidade significa “traduzir” os graus na nova tonalidade, tendo em vista as suas alterações (podemos dizer na sua armadura de clave). Vejamos:
Transpor a harmonia da música
A análise dos graus da harmonia é uma ferramenta essencial para a realização de uma transposição harmônica sem erros. Vejamos o exemplo a seguir, trata-se do começo da música “A thousand years”.
Antes de começarmos a transposição, fazemos a sua análise harmônico-funcional, ditada pelo contexto (em vermelho). A tonalidade original é Dó. Sucessivamente, passamos a transportar os acordes na nova tonalidade, que queremos seja Fá. Sabemos que o IV grau de Fá é Bb; que seu acorde I/3 é F/A; que seu VIm é Dm e que seu V grau é C.
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Em um primeiro momento escrevemos apenas os acordes (em azul) para, em seguida, proceder à transposição da melodia.
Sucessivamente, procedemos à transposição da melodia considerando a sua relação com cada um dos acordes originais. Por exemplo, a primeira nota da melodia resulta ser o 5º grau do acorde; a primeira nota do segundo compasso resulta ser a fundamental do acorde; a primeira nota do terceiro compasso resulta ser o 3º grau do acorde, e assim por diante (as notas estão indicadas na cor verde). Tendo em vista essas relações, procedemos à transposição da melodia à luz dos acordes da nova tonalidade: o 5º grau do acorde Bb é fá; a fundamental do segundo acorde é fá, e assim por diante.
É útil colocar a armadura de clave da nova tonalidade (eu não fiz isso na imagem acima, mas é bom fazê-lo). Seguindo esses passos, a transposição se torna mais fácil e com menos probabilidades de cometermos erros.
Até a próxima!