Por Turi Collura
A harmonia do Blues foi objeto de muitas re-harmonizações e re-interpretações. Nesse novo artigo sobre o Blues e suas características, fazemos um estudo sobre algumas evoluções harmônicas desenvolvidas durante o Século XX.
O Blues é uma das maiores manifestações da música negra norte-americana da segunda metade do século XIX. Nascido como forma de expressão de um povo oprimido nos campos de algodão do Sul dos Estados Unidos, o Blues era inicialmente composto por cantos de lamento dos escravos, que, através da música, contavam a sua história.
Com o passar das décadas, o Blues veio se tornar um estilo musical cuja influência é marcante na história da música a partir do começo do século XX.
A estrutura harmônica de base do Blues foi objeto de muitas re-harmonizações e re-interpretações. Nesse artigo vamos observar algumas versões, que deixam o âmbito do Blues tradicional, encaixando-se, em grande parte, em um contexto de matriz jazzística.
No vídeo observamos quatro versões diferentes da estrutura de Blues.
As primeiras duas podem se inserir no contexto do assim chamado estilo be-bop (um estilo jazzístico que se desenvolveu na década de 1940). Vejamos a seguir:
1ª versão:
2ª versão:
A re-elaboração das regras tonais por parte dos afroamericanos teve alguma influências na formação da harmonia do Blues. Sucessivamente, uma vez que o Blues se afirmou como gênero musical, ele, por sua vez, passou a influenciar a música tonal a partir do século XX. Essa influência se constituiu em certa “afinação blue note” em outros âmbitos musicais das melodias e no uso de melodias com características Blues.
Mas houve também um processo de releitura da harmonia Blues, por parte da harmonia tonal. Vejamos a seguir um exemplo em que os graus I e IV voltam a ser acordes com sétima maior:
No século XX, o Jazz “criou” o Blues em menor, vejamos abaixo um exemplo. A música, de minha autoria, gravada no meu disco Interferências, se chama Blues para John, uma homenagem a John Coltrane. Espero que gostem!