Por Carolina Saccomano
Neste artigo, abordaremos a inserção da música popular em ambientes formais de ensino, refletindo sobre a necessidade de adaptar metodologias pedagógicas ao contexto cultural e social desse repertório.
Destacaremos algumas estratégias para integrar a música popular à sala de aula.
Diversos pesquisadores — como Green, Arroyo, Herbert, Campbell e Sandroni, entre muitos outros — discutem a importância de práticas de aprendizagem informal no ensino da música, destacando sua relevância para proporcionar uma experiência autêntica e significativa.
Historicamente marginalizada, a música popular sempre foi vista como algo que se aprende de maneira informal. É difusa a ideia que tocar música popular requer um dom natural, dispensando um processo formal de aprendizado.
A educação musical tem avançado significativamente com os debates sobre a dicotomia entre música popular e música erudita. Após diversas pesquisas e discussões, a inclusão da música popular como conteúdo nas aulas, em variados níveis de ensino, tornou-se cada vez mais natural e amplamente aceita.
No entanto, a prática pedagógica contemporânea tende a associar o ensino da música popular a uma aprendizagem “informal”. Segundo essa visão, a música popular se aprenderia “de ouvido”, fora de programas de ensino estruturados, por tentativas de acertos e erros, de maneira muito diferente da música erudita.
Contudo, hoje reconhecemos a importância de atividades como aprender de ouvido, improvisar, criar e recriar, visando proporcionar uma experiência educacional autêntica e mais alinhada ao cotidiano do aluno, em sala de aula.
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Popular-Erudito: é possível unir em sala de aula?
Para isso, é importante criar estratégias que valorizem ambas as tradições musicais, contextualizando-as culturalmente e socialmente.
Algumas sugestões incluem:
1. Repertório Misto: Planejar atividades com peças clássicas e populares, mostrando suas relações, similaridades e diferenças.
2. Aprendizagem por Projetos: Envolver os alunos em projetos musicais que integrem elementos dos dois estilos, como arranjos e composições.
3. Práticas de Aprendizagem Informais: Incorporar métodos de ensino popular, como tocar de ouvido e improvisar, mesmo em peças eruditas.
4. Contextualização Histórica e Cultural: Discutir com os alunos o contexto de produção e recepção de ambos os estilos, ampliando a compreensão sobre como a música reflete a sociedade.
Dessa forma, os estudantes podem desenvolver habilidades em ambos os repertórios e compreender a música como um fenômeno diverso e integrado.
A Inclusão de Novas Estratégias de Ensino
Experiências recentes mostram que a inclusão de práticas informais no ensino formal da música popular aumenta o engajamento e a capacidade crítica dos estudantes. Adaptar as estratégias pedagógicas para incluir práticas como aprender em grupos e tocar de ouvido pode expandir a percepção dos alunos não apenas sobre a música popular, mas também sobre repertórios tradicionais.
Conclusão
A inclusão de práticas de aprendizagem informal é essencial para assegurar uma experiência musical autêntica e significativa, rompendo preconceitos e proporcionando novas formas de ensinar e aprender música.
Referências bibliográficas
ARROYO, Margareth. Música popular em um Conservatório de Música. Revista da
ABEM, n. 6, setembro 2001, p. 59-67.
GREEN, Lucy. Popular music education in and for itself, and for ‘other’ music: current
research in the classroom. International Journal of Music Education, v. 24, n. 2, Aug.
2006, p. 101-118
HEBERT, David G.; CAMPBELL, Patricia Shehan. Rock music in American Schools:
positions and practices since the 1960s. International Journal of Music Education, v. 36,
n. 1, Nov. 2000, p. 14-22.
SANDRONI, Carlos. Uma roda de choro concentrada: reflexões sobre o ensino de
músicas populares nas escolas. In: Anais do IX Encontro Anual da ABEM, p. 19-26. Belém: ABEM, 2000.
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