Por Turi Collura
Dando continuidade ao estudo de sistemas multitonais iniciado na edição passada (leia a primeira parte do artigo), quero lhes apresentar, agora, um sistema compositivo por terças maiores que está à base de composições modernas como as do saxofonista John Coltrane. Vamos falar, agora, de um sistema multitonal baseado em progressões por terças maiores.
Sistema por terças maiores
Podemos dividir a escala cromática em 3 partes iguais, como mostra a figura ao lado. Vamos considerar as notas evidenciadas como 3 centros tonais, três centros ao redor dos quais se desenvolve uma progressão harmônica. Observamos que ao lado direito de cada tonalidade encontramos suas dominantes, e depois seus II graus.
Esse é o pensamento que está à base da composição multitonal chamada “Giant Steps”, de John Coltrane:
Para TODOS os instrumentos. Quatro módulos progressivos que começam da base e chegam a um domínio total da harmonia tonal, modal e híbrida.
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A cadência de Coltrane (ou “Ciclo de Coltrane”)
John Coltrane propôs o uso do ciclo de terças maiores para enriquecer a cadência II-V-I. Baseando-se nesse pensamento, Coltrane compôs a música “Countdown”.
A musicologia aponta que a composição “Countdown” foi uma elaboração da harmonia da música “Tune up” de Miles Davis. A imagem a seguir mostra, na cor vermelha, a harmonia de “Tune up”. Observamos, na primeira linha, uma cadência II-V-I na tonalidade de D maior.
A substituição desse tipo de movimento harmônico por terças maiores em substituição do II-V-I, é chamada cadência de Coltrane, ou ciclo de Coltrane. Essa foi a verdadeira novidade proposta por ele, em relação a outros compositores: o uso do ciclo dentro de uma cadência tradicional. Ele inventou uma maneira de enriquecer uma sequência harmônica recorrente na praxe tonal.
A imagem mostra o procedimento utilizado por Coltrane para enriquecer a cadência II-V-I por meio do ciclo por terças maiores.
Além de Giant Steps e Countdown, Coltrane utilizou o sistema multitonal por terças maiores para compor outras músicas como, por exemplo, “Fifth house” (baseada na harmonia da música “What is this thing called love” de Cole Porter), “Central park west”, “Lazy bird” (baseada na harmonia da música “Lady bird” de Tadd Dameron).
Concluindo
Os sistemas multitonais utilizados por compositores da música erudita do final do século XIX percorrem mais de um século e se apresentam hoje, mais atuais do que nunca, como um ótimo recurso a ser explorado pelos compositores em busca de harmonias mais complexas. Boas composições, boas harmonias e bons improvisos.
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