
Blue in Green: do moderno à elaboração contemporânea
Concebida no final de 1950, a música “Blue in Green” foi fruto das buscas harmônicas do pianista Bill Evans, que transitava entre harmonias jazzísticas, harmonias da tradição européia (ele se interessava bastante por Debussy, Bela Bartók entre outros) e um profundo estudo pessoal sobre possíveis caminhos harmônicos. Além da questão harmônica, Blue in Green tinha outra característica: a de ser uma espécie de “mantra”, algo que se repete circularmente do começo ao fim. A proposta estética da música quer ser inovadora, no âmbito jazzístico (veja um artigo publicado no Terra da Música sobre o disco “Kind of Blue” clicando aqui).
A seguir proponho a audição de 4 versões: a “original”, do disco de Miles Davis; a segunda, gravada pelo autor Bill Evans. Essas duas versões foram as versões “iniciais”, “oficiais”.
A partir das primeiras duas versões, proponho a audição de outras duas, mais recentes. A primeira é da cantora Gabriela Koch (ao piano Christoph Drescher), que explora atmosferas impressionistas e etéreas (algo presente nas versões originais). A última versão é da cantora Gretchen Parlato (do disco “The Lost and Found”, de 2011), versão essa que nos oferece muitas coisas para serem observadas. A primeira é a elaboração harmônica, que substitui os acordes originais por outros que remetem à circularidade harmônica coltraneana.
Sobre a versão de Gretchen Parlato: além da harmonia totalmente diferente e que exalta a circularidade da sucessão harmônica, observamos, ainda, a rítmica da música, que alterna momentos diferentes muito interessantes, binários e ternários.
Eis que a mágica acontece! A harmonia se transforma em uma nova alquimia, alça novos voos. Qual é o limite disso? Somente a nossa fantasia! Viva a harmonia! Viva a música!