‘Ô Abre Alas, que eu quero passar’: a importância de Chiquinha Gonzaga para a cultura musical brasileira

chiquinha gonzaga

‘Ô ABRE ALAS, QUE EU QUERO PASSAR’: A IMPORTÂNCIA DE CHIQUINHA GONZAGA PARA A CULTURA MUSICAL BRASILEIRA

Por Andressa Nathanailidis

Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga, nasceu no Rio de Janeiro a 17 de outubro de 1847. Ao longo de sua vida, realizou feitos inimagináveis para uma mulher de sua época. Uma personagem imprescindível para a história e cultura do Brasil!

É fevereiro, mês do Carnaval… E que as “velhas” marchinhas entraram para a história da folia, ninguém pode negar. A história começou em 1889, quando Francisca Edwiges Neves Gonzaga (ou simplesmente Chiquinha Gonzaga, como era conhecida), resolveu dedicar uma de suas composições ao cordão Rosas de Ouro, espécie de “bloco de carnaval” que costumava ensaiar próximo à sua residência, no bairro do Andaraí, Rio de Janeiro.

Eis que, então, nasce Ô Abre Alas, a primeira marchinha de carnaval, inspirada em aspectos rítmicos e coreográficos da cultura africana. A canção – que logo se tornou um sucesso, admitindo uma infinidade de gravações e interpretações – é, sem dúvida, o relevante legado de Chiquinha para o carnaval brasileiro. Os desfiles, antes desprovidos de quaisquer marcações melódicas, trazendo apenas a tradição dos conhecidos “Zé Pereiras” (tocadores de bumbo), ganharam, então, um aspecto diferente e mais animado – presente da compositora, também, às futuras gerações. Com Ô Abre Alas, Chiquinha antecipou o que viria a ocorrer de forma regular apenas a partir de 1917: a utilização da canção enquanto importante recurso em meio aos desfiles de carnaval.

Considerada a primeira compositora da Música Popular Brasileira, Chiquinha também atuou em outros gêneros, tendo escrito ao todo mais de 2.000 composições, entre elas valsas, tangos, mazurcas e choros. Peças de curta duração, em que se integram influências das culturas africana e europeia, evidenciando o hibridismo brasileiro representativo, também, da história da compositora.

Filha de escrava, Chiquinha Gonzaga foi criada pelo pai, de quem recebeu “o que havia de melhor”, em termos de educação, naquela época: tinha aulas de Latim, Francês, Catecismo, Geografia e ainda tocava piano (hobby que, ao longo do tempo, se tornou sua grande paixão).

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Independente e dedicada, Chiquinha viveu uma época de grandes transformações sociais, na qual sempre se destacou revelando-se uma pessoa à frente de seu tempo. Aos 11 anos, fez sua primeira composição: Canção dos Pastores, uma cantiga de Natal. Aos 16, casou-se com um oficial da Marinha Mercante, Jacinto Ribeiro do Amaral, com quem teve três filhos: João Gualberto, Maria do Patrocínio e Hilário.

O marido, que havia sido escolhido pelo pai de Chiquinha, infelizmente, não gostava de música, fato que acabou gerando uma série de conflitos, seguida da separação. Jacinto considerava o instrumento um “rival” do matrimônio, alegava que uma senhora distinta não poderia de forma alguma se envolver com aquilo: “coisa de homem”, “boemia” e, certamente, um perigo! Ainda mais em se tratando de uma mulher como Chiquinha Gonzaga, “pra frente por si só” e que tinha como ancestral, nada mais nada menos do que Duque de Caxias!

Diante da opressão não suportada, Chiquinha, então, abandonou o lar. Viver distante da música era, para ela, um martírio. Apaixonou-se, então, pelo engenheiro João Batista de Carvalho, com quem passou a viver. A separação foi um escândalo para a época. Chiquinha foi acusada de adultério e abandono de lar, enfrentando uma ação judicial de divórcio perpétuo, promovida por Amaral.

Renegada pela família e impedida de ver os filhos mais novos, Chiquinha era mal vista por muitos, sendo considerada mulher de “baixa reputação” e “índole duvidosa”. Da união com João Batista Carvalho, nasce Alice. Entretanto, as segundas núpcias também não foram bem-sucedidas.

Chiquinha passou a viver só e, para se sustentar em meio a essa situação, fez da música seu ofício, passando a “compor por encomenda” e, também, apresentar-se, tocando piano em eventos e bares da noite carioca.

O piano erudito foi, aos poucos, adaptado na música de Chiquinha Gonzaga. Até então, o que havia era um contexto europeizado, onde a maioria das composições era baseada em padrões de orquestração específicos, herdados da tradição “branca”. A compositora, então, aproximou esta música às preferências populares, disseminando os padrões de uma música erudita nacional, também influenciada pela cultura africana.

corta jaca

Manuscrito da peça Corta-jaca, uma das mais tocadas e gravadas de Chiquinha.

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Chiquinha lutava, a cada dia, para se impor enquanto mulher, independente na vida e na profissão, mostrando ser capaz de transpor toda e qualquer barreira de ordem moral ou societária: suportou o preconceito de uma sociedade machista, empenhando-se, cada vez mais, na produção de uma música de qualidade, com a qual, entrou para a história. Dentre seus feitos, surpreendentes para a época, há que se ressaltar alguns, a saber:

– Gonzaga foi a primeira regente a conduzir uma Banda da Polícia Militar, musicou peças de teatro e introduziu o violão nos salões da sociedade carioca (instrumento que, antes, era considerado “diversão de malandro”, representativo de uma cultura “menor”). Além disso, foi uma das pioneiras no processo de criação e divulgação do gênero “Choro”, tão apreciado na atualidade;

– Trabalhou vendendo suas partituras, de porta em porta, e foi a primeira mulher a atinar para a problemática dos direitos autorais. Em 1917, esteve à frente da fundação da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, cujo principal objetivo era a arrecadação desses direitos;

– Reservou subsídios para contribuir com a Confederação Libertadora. Com muito suor, conseguiu comprar a alforria de um músico-escravo, conhecido como “Zé Flauta”;

– Aos 52 anos, após viver muito tempo na companhia apenas de seus filhos e da música, Chiquinha casou-se novamente. Desta vez, com um homem 36 anos mais novo que ela: João Batista Lage, um jovem de 16 anos, com quem viveu feliz até seus últimos dias de vida. Mais um escândalo para a sociedade que começava a engatinhar pelo século XX. Os mais íntimos sentiam-se privilegiados de saber que aquela relação era basicamente de “mãe e filho”, mas, a priori, os dois eram marido e mulher.

Chiquinha Gonzaga é um exemplo de coragem, força e determinação, digno de ser lembrado por todo e qualquer brasileiro, neste e em outros infinitos carnavais. Cultivar e cultuar essa história nos aproxima da veracidade de uma (também antiga) máxima popular: “querer é poder” e, para isso, bastam três fatores: força de vontade, dedicação e muito esmero!
(Para aprofundamentos sobre a vida e a obra de Chiquinha Gonzaga visite o site oficial (clique aqui) e a página da Wikipedia (clique aqui)

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