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Dicas de improvisação no Modo Jônico

Modo Jônico - Escalas modais - improvisação - Turi Collura

Dicas de improvisação no Modo Jônico

Por Turi Collura

 

Olá a todos!!

Quero compartilhar aqui uma dica muito interessante e eficaz para nossos solos.

Aplicamos essa técnica à escala maior (ou modo jônico), para entendermos o raciocínio e apreciarmos as vantagens que nos oferece. Certamente, a técnica é aplicável a outras escalas, nos ocuparemos disso em outros posts.

 

Uma escala, dois pontos de referência

A figura abaixo mostra a escala de Dó maior (ou Dó Jônico). Pode-se observar que, a partir das notas da escala, é possível construir a tríade de Sol maior. As notas dessa tríade (sol-si-ré), pertencendo à escala, podem ser usadas em um contexto harmônico de C7M/Jônico. Obviamente, nesse contexto podemos usar, também, a tríade de Dó, isto é, a tríade do próprio acorde (ou tríade sobre o primeiro grau da escala). Teremos, à nossa disposição, duas tríades maiores: C e G. Ao usarmos essa nova tríade, iniciaremos uma ideia melódica a partir de outro ponto que não seja a fundamental do acorde.

 

 

 

Qual a vantagem de se pensar em duas tríades diferentes dentro de uma escala?

Pode-se pensar nas duas tríades como sendo dois “blocos sonoros” diferentes (um construído a partir do 1º grau da escala e outro a partir do 5º grau dela) e, ao mesmo tempo, iguais em sua constituição (duas tríades maiores). A vantagem dessa abordagem reside na possibilidade de construir frases baseadas em elementos “verticais” a partir de outro ponto que não seja a fundamental do acorde, evidenciando assim, sonoridades diferentes.

É interessante o fato da fundamental da tríade “alternativa” (no exemplo acima, a tríade de Sol) se apresentar defasada em relação à fundamental do acorde “real” (Dó). Trata-se, portanto, de uma forma de “organizar” as notas da escala a partir de dois pontos distintos.

 

“Turbinando” as tríades

É possível acrescentar a cada tríade o próprio 2º grau. Veja a imagem abaixo, que mostra o exemplo na tonalidade de Dó maior. A partir da tríade de C temos as notas dó-ré-mi-sol; a partir da tríade de G temos as notas sol-lá-si-ré. Todas as notas envolvidas estão contidas ainda na escala diatônica de Dó maior.

 

Temos, assim, dois pontos de partida (tríades sobre o 1º e sobre o 5º grau da escala) sobre cada um dos quais podemos traçar desenhos melódicos, e que agora, com o acréscimo de uma nota, nos oferecem grandes vantagens!

 

A figura abaixo mostra um exemplo prático:

 

Vamos assistir um vídeo para entender “ao vivo” a proposta:

 

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É importante observar que cada tríade, com o respectivo acréscimo de seu 2º grau, oferece quatro notas para que possam ser utilizadas na ordem que mais desejarmos. A figura seguinte mostra algumas das combinações de que gosto bastante (todos os exemplos estão baseados na tríade maior de C):

Ao criarmos uma frase, pode ser interessante manter o mesmo “desenho”, isto é, o mesmo padrão de digitação (por exemplo as notas 2-5-3-1) sobre as duas tríades. Nosso ouvido reconhece uma similaridade entre dois blocos sonoros diferentes, mas percebe, também, a diferença de “cores” que cada sequência oferece.

 

Hora da prática

Para treinar essa “dica de improvisação” em todos os tons, pode-se praticar subindo cromaticamente de tom. Recomendo estudar utilizando o metrônomo ou, melhor ainda, uma base instrumental. Dessa forma, aprenderá a tocar dentro de uma pulsação precisa, desenvolvendo, também, a capacidade de tocar em grupo com segurança. No próximo vídeo, apresento uma realização de improvisações utilizando a proposta aqui apresentada. No vídeo apresento também outras maneiras de praticar em todos os tons (ao invés de subir cromaticamente), como, por exemplo o treino no círculo das quintas ou por terças menores.

 

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Uma base para o seu estudo

Para o seu treinamento, aproveite o próximo vídeo. A partir da tonalidade de Dó, a cada quatro compasso subimos por semitons, percorrendo todas as tonalidades por duas vezes:

 

 

Conclusão

Às tríades “alternativas”, dá-se o nome de tríades superiores (ou estruturas superiores). Pode-se considerar que elas são formadas pelas extensões da escala/acorde, e podem ser usadas tanto melodicamente quanto harmonicamente. O exemplo seguinte evidencia a existência de duas tríades maiores superiores na escala de C Jônico: G e F.

 

No caso do I7M/Jônico não consideramos a tríade maior de F como representativa porque contém o IV grau, nota “não harmônica” nesse tipo de acorde. Ao observarmos a figura, reparamos a presença de tríades menores (Dm, Em, Am) e de uma tríade diminuta (B dim). Poderíamos usá-las também? Sim, certamente. O uso de tríades superiores exclusivamente maiores, todavia, é justificado pela busca de uma padronização no tratamento do material melódico. Nas próximas edições teremos a oportunidade de constatar a vantagem disso. A busca de outros tipos de estruturas, como tríades menores ou diminutas superiores, pode se revelar interessante em alguns casos. O leitor interessado nesse assunto poderá experimentar, por exemplo, as tríades menores “alternativas” aplicando os mesmos critérios aqui apresentados.

 

Até a próxima!

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Turi Collura

Turi Collura é pianista, compositor, músico profissional. Atua como professor em Cursos de Pós-Graduação, em Conservatórios e Festivais de música pelo Brasil e no exterior. Formado na Itália em Disciplinas da Música (Bolonha) e na Escola de Jazz (Milão), é Mestre pela UFES, e Pós-graduado pela mesma Instituição. Turi é Coordenador Pedagógico do Terra da Música e Professor de alguns cursos online. É autor de métodos em livros e DVD (Improvisação, Piano Bossa Nova, Rítmica e Levadas Brasileiras para Piano), alguns dos quais publicados pela Editora Irmãos Vitale e com tradução em inglês. Ativo na cena musical como solista, músico de estúdio e arranjador, tem participado da gravação/produção de diversos discos. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” ganhou uma versão japonesa. Seu segundo CD faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa.

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