Aprendendo com os gigantes: análise da música “Here comes the sun” (The Beatles)

Beatles

Por Turi Collura

Neste artigo vamos fazer uma análise estrutural e harmônica de uma música muito famosa dos Beatles, composta por George Harrison e lançada no famoso disco “Abbey Road” em 1969: Here comes the sun. Segundo o próprio autor, a música foi composta numa ensolarada manhã de primavera, provavelmente de abril – após um longo inverno britânico – na casa de Eric Clapton, e sucessivamente gravada entre 7 de julho e 19 de agosto.

Os músicos da gravação

  • George Harrison: canta, toca o violão, a guitarra, o sintetizador Moog;
  • Paul McCartney: faz o coro e toca o baixo;
  • Ringo Star: bateria;
  • John Lennon: não comparece nessa música, pois estava se recuperando de um acidente de carro.

Foram utilizados também instrumentos de orquestra: 4 violas, 4 cellos, um contrabaixo, dois píccolos (flautim), duas flautas, duas flautas alto e duas clarinetas.

Antes de mais nada, sugiro duas ou três audições repetidas da música!! A primeira vez para curtir seu som, ver o lado estético da canção. Em seguida, sugiro uma segunda audição mais analítica para percebermos a forma da música, e uma terceira para observarmos os instrumentos e suas tarefas dentro da canção.

 

Após termos feito uma audição analítica da música, quero fazer uma pergunta: qual é a fórmula de compasso utilizada na música? 4/4? Percebeu alguma fórmula de compasso diferente? Mais de uma? Nenhuma? Vamos ouvir novamente.

A estrutura musical de “Here comes the sun”.
Preparei um vídeo em que fazemos uma análise harmônica e formal da música. Vamos assistir para, em seguida, nos aprofundarmos nesse estudo.

Uma análise harmônica e estrutural das seções da música
Here comes the sun, que está na tonalidade de Lá maior, é basicamente composta por duas partes: estrofe e refrão. Começa com uma introdução baseada na estrofe e realizada de forma instrumental nos primeiros 8 compassos e, a seguir, cantada ao longo de 5 compassos. A introdução termina com a que parece-me ser “a marca registrada” da música: uma sequência instrumental de dois compassos com um desenho rítmico muito interessante: uma frase com um acento a cada 3 notas que cria uma sensação de “ilusão polirrítmica”. Vejamos a estrutura da introdução:

Após a introdução, a canção começa “pra valer” sobre as palavras “Little darling\” (0:30m) apresentando a estrofe, que será repetida duas vezes. A harmonia da desta seção apresenta, basicamente, os acordes I, IV, V e uma dominante secundária (B7, V7/V) que não resolve. São 16 compassos mais um compasso que liga as partes.

A melodia é baseada na escala pentatônica de lá maior, utilizando apenas as notas lá-si-dó#-mi-fá#. Vejamos a estrutura da estrofe, até a conclusão da “casa 1”, observando sua harmonia, suas células melódicas e, no final, a frase instrumental que chamei de “marca registrada da música”:

Após a repetição da estrofe, a música prossegue de maneira interessante (inusitada?), diferente. Vejamos:

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Trata-se de uma ponte que prepara a chegada do refrão, baseada na estrutura deste último.
Temos aqui duas coisas muito legais para observar: uma sequência harmônica diferente (bIII – bVII – IV – I), ou seja, uma sequência de acordes que procede por quartas descendentes até o I grau – e que ainda se estende para mais uma quarta descendente até o V grau. A segunda coisa que observamos é uma mudança na fórmula de compasso (e que mudança!!): 3/8; 5/8; 4/4; 2/4. Muito interessante, não é? E como isso soa bem!!!

A imagem a seguir mostra a estrutura do refrão: começa com poucos compassos repetidos por um total de 4 vezes – tipo isso: “Gostou dessa coisa diferente? Quer ouvir de novo? Vamos lá, quatro vezes!!”.


Após as quatro repetições, a quinta vez leva para a área da dominante E7 (observe que podemos ler o acorde Bm7/E como um E7sus4,9), que prepara a volta à estrofe. Após a reapresentação desta última vem o Coda, composto por elementos apresentados ao longo da música e agora dispostos de maneira um pouco diferente. O Coda termina com mais uma sequência de acordes ligados por quartas descendentes (bIII – bVII – IV – I).

A análise de Here comes the sun nos leva a observar detalhes compositivos muito interessantes. A “receita” usada por George Harrison para compor essa música de sucesso contempla poucos elementos, afinal, mas muito bem elaborados: uma melodia simples; uma métrica irregular; uma harmonia “diferente” no refrão, que utiliza dois acordes emprestados pela tonalidade homônima menor e ligados numa sequência de quartas descendentes. Tudo, como se diz, “bem bolado”. Parece-me que podemos aproveitar para perceber um “segredinho”: a genialidade pode estar na simplicidade.

Até a próxima!!

 

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